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Espetáculo imersivo coloca espectador dentro da trama
O Núcleo de Criação do Pequeno Ato levanta discussão sobre assédio e violência sexual com uma trama de mulheres que executam um plano de vingança em novo espetáculo com direção de Pedro Granato. Inspirada nas experiências vividas pelas mulheres do núcleo e casos de violência real contra mulheres, Vingança Voyeur coloca o público infiltrado com fones de ouvido junto dos personagens em uma jornada itinerante. A peça estreia em 1º de abril, sábado, às 17h, no Bar Salve Jorge (em frente à Bolsa de Valores no centro de São Paulo) percorre a avenida São João e termina no Centro Cultural Olido, na vitrine da dança. As apresentações seguem durante todos os sábados e domingos do mês de abril e são gratuitas.
Com dramaturgia de Julia Terron e Victor Moretti, a história começa em um bar, onde o público acompanha um grupo de mulheres que estão atrás do dono do estabelecimento que abusou sexualmente de uma delas. O que aconteceu é revelado aos poucos, enquanto as garotas e o público estão conectados por meio de um rádio, escutando conversas intimas através de fones de ouvido. Um a um, elas procuram seduzir os envolvidos no abuso e tirá-los de lá, com o público como cúmplice.
A dramaturga Julia Terron foi vítima de um estupro e ganhou apoio do parceiro de dramaturgia Victor Moretti para se abrir com o grupo e transformar o relato em arte. Para ela, escrever foi um processo de cura. “Eu passei o processo inteiro sendo muito cuidadosa porque a minha história é a história de uma menina que foi abusada, mas existem muitas e eu queria que esse texto representasse ao máximo todas elas. E hoje estou muito feliz com o resultado do texto porque eu sinto que ele me representa e representa também a vivência geral em relação ao abuso e em relação a viver como mulher nesse mundo”, diz.
A história foi montada também a partir de referências culturais do grupo e do público jovem, diz Granato: o filme “Bela Vingança”, que venceu o Oscar de melhor roteiro original em 2020, e músicas de Miley Cyrus, Shakira, Rosalía e Gloria Groove estão entre elas. “A gente foi trazendo essa estética urbana feminina empoderada e ao mesmo tempo a ação da vingança, a mulher não mais como vítima da violência, mas como quem está nas rédeas inclusive do jogo violento, invertendo um padrão”, conta o diretor.
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