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FERALKAT estreia com CORPO NO MUNDO//CORPO QUE HABITO

FERALKAT estreia com CORPO NO MUNDO//CORPO QUE HABITO

Após apresentar em setembro o single e clipe de “Colapso Tropicaos”, a cantora, compositora, produtora musical, multi-instrumentista e artista visual Natasha Durski lançou, no dia 3 de novembro, o álbum de estreia de seu projeto solo, FERALKAT, intitulado Corpo no Mundo // Corpo que Habito. Misturando o orgânico com o eletrônico, a artista curitibana apresenta um universo denso e intimista onde explora sentimentos como amor, dor e questionamentos existenciais, perpassando vertentes musicais como synthwave, dreampop, shoegaze, post punk, sadcore, lofi, noise e synthpop.

“Corpo no Mundo // Corpo que Habito é um álbum-conceito cujas músicas comecei a idealizar em meados de 2020. A ideia foi unir micro e macro: a experiência do indivíduo no entendimento de si mesmo e a experiência coletiva da existência em sociedade. Um corpo no mundo que co-habita a profundidade do universo de fora e o universo dentro de si. Enquanto FERALKAT, utilizo-me do conceito amplo de selvageria para buscar entender o que nos faz essencialmente humanos, entre o virtual e o real, entre o selvagem e o ‘adestramento’ do convívio social. Nesse sentido, conecto musicalmente o orgânico e eletrônico para ilustrar essa simbiose da nossa vida contemporânea, não buscando condenar uma experiência e defender outra, mas enxergar como elas se relacionam, resgatando experiências profundas que constroem quem somos”, explica Natasha. “Me utilizei também de arquétipos do Tarot para criar relações entre as faixas, e na capa do trabalho evoco a carta O Mundo – novos começos, integração com o universo e a consciência da impermanência”.

Corpo no Mundo // Corpo que Habito vaga por esses caminhos que formam a vida humana: do amor e sensualidade de “Miragem”, ao questionamento existencial de “Existo”, até a busca de compreender os caminhos, o luto, e a iminência da morte em “Lynchiana”, passando por se entender como um corpo no mundo que sonha, ama e navega por mares revoltos dentro de si em “Corpo no Mundo”. Na segunda metade do disco, a exaltação do tempo presente em “Tonight”, o lidar com as dores da vida e o desejo de não existir mais em “Vanish Like The Sunset”, e a vontade de transformação quando enxerga-se o mundo em que vivemos em colapso, rumo a uma destruição causada por um sistema criado pela nossa própria espécie , em “Colapso Tropicaos”.

OUÇA CORPO NO MUNDO // CORPO QUE HABITO: https://bfan.link/corpo-no-mundo-corpo-que-habito

FAIXA A FAIXA POR FERALKAT
1. Miragem
“Vou te encontrar em miragens, te olho distante, selvagem. Fecho os meus olhos, que é pra enxergar- no fundo, profundo, do oásis que inunda os corpos”

Miragem é a canção que abre o disco. Ela apresenta o tom do trabalho de uma maneira bastante completa e achei que seria legal começar dessa maneira – há o elemento orgânico e o eletrônico, há a confluência das camadas, ambiências e texturas, os jogos de palavras que acompanharão o restante do álbum, a vibe dançante e ao mesmo tempo onírica e densa que o permeia. Miragem, aqui, tem vários significados, assim como as palavras escolhidas para desenrolar uma narrativa que vai do delírio à sensualidade. É o mirar o mundo, mirar o amor, o encontro dos corpos – corpos no mundo. E sobretudo, a miração por si só, essa experiência onírica que nos confunde e seduz. É como se miragem fosse o canto de uma sereia que te joga na vivência que o álbum abarca, entre as águas e fluidos dos corpos na areia de um deserto que precisa ser atravessado, interna e externamente, rumo ao desconhecido.

Composição, Produção Musical e Letra: Natasha Durski
Gravação:
Voz, Synths e Guitarra: Natasha Durski
Bateria: Babi Age
Baixo: Fellipe Dantas
Mix: Luiz Sadaiti e Matheus Reinert
Master: Stéfanos Pinkuss

2. Existo
“Disperso os caminhos em mim, futuro no escuro – o que vem? Silêncios desaguam em mim, existo”

Existo é uma canção que escrevi como um desabafo, e ao mesmo tempo, uma forma de me curar e me manter firme. A existência e seus caminhos não é um processo fácil, e a música sempre foi o que me segurou em todos os momentos de dificuldade. Cresci ouvindo Clara Nunes e Gal Costa ecoando pela casa enquanto minha mãe fazia os afazeres domésticos. Entre as vozes de minha mãe – que sonhou por muito tempo em ser cantora – e a dessas artistas, as mensagens das canções prevaleceram em mim, tanto de maneira nostálgica quanto no entendimento que a minha missão nesse mundo era fazer música. A gente canta porque é nossa missão, cantamos pra aliviar os prantos, cantamos porque uma força estranha e uma voz tamanha nos invade e através da arte, da música, a gente consegue contar e vivenciar as coisas – e nos entendermos enquanto sociedade e enquanto indivíduos, de uma maneira muito mais intensa. Existo busca refletir de maneira intimista e confessional sobre a coragem de olhar pro abismo que é ser e lidar com nossas dores e delícias, com nossa jornada, e acolher os pedaços da gente que formam o que somos entre a urgência dos beats e bass synths, e ao encontrar novamente o densamente etéreo nos synths e na guitarra ruidosa que ambientam esse grito de auto-acolhimento e ode ao fazer artístico.

Composição e letra: Natasha Durski
Produção Musical: Natasha Durski e Matheus Reinert
Gravação:
Voz: Natasha Durski
Synths: Alyssa Aquino, Matheus Reinert, Natasha Durski
Guitarra: Matheus Reinert
Beat: Natasha Durski, Matheus Reinert
Mix/Master: Vivian Kuczynski

3. Lynchiana
“Fogo caminha comigo – entre estradas, revisito sonhos e delírios. Nessas estradas perdidas, caminho, carregada pelas marés do tempo.”

Em Lynchiana eu submergi nas reflexões sobre o tempo, a vida, e a morte, e os caminhos desconhecidos que a gente trava e constroem nosso passado, presente e futuro. Tenho uma coisa doida com o meditar sobre caminhos em todos meus trabalhos, sem medo de falar sobre o fim. Aconteceu que dentre o último ano, enquanto ainda produzia essa música, meu pai faleceu – e eu entendi numa outra dimensão as profundidades do entendimento da morte. Resolvi colocar mais essa camada de sentido na letra, até como uma forma de cura, homenagem e reflexão sobre tudo que senti e ainda venho sentindo a respeito. Nessa música em específico eu me inspirei na cinematografia surreal de David Lynch. Aconteceu que eu estava tocando guitarra no meu quarto em um dia da pandemia, e achei que a melodia lembrava o tema de Twin Peaks. A partir daí comecei a refletir sobre a letra e todas essas minhas referências. Estudei a música de Angelo Badalamenti, compositor de várias trilhas de filmes do Lynch. Revi meus filmes preferidos dele, e na letra, assim como nos samples, referencio vários, numa experiência de adentrar camadas profundas nas minhas próprias vivências e relacionar com obras como Estrada Perdida, Eraserhead, Cidade dos Sonhos e Twin Peaks. Minha ideia era que as diversas camadas da música conversassem sinestesicamente com o ouvinte, como uma trilha sonora. Há o momento de mistério nos baixos cheios de shimmer reverb, há a guitarra carregada de efeitos como fio condutor da experiência lynchiana, sintetizadores que se transformam no vento da maré do tempo e um sample em que uma própria criatura misteriosa lynchiana responde aos versos da música, tudo isso embebido por vozes étereas que vêm para inflar a experiência do onírico. Em breve, será lançado um clipe que gravei em Super 8 em que tudo isso se transforma em imagem.

Composição, Produção Musical e Letra: Natasha Durski
Gravação:
Voz, Guitarra, Synths, Sample: Natasha Durski
Baixo: Andreza Michel
Beat: Daniel Kaplan, Natasha Durski
Mix: Luiz Sadaiti e Matheus Reinert
Master: Stéfanos Pinkuss

4. Corpo no Mundo
“Sonho tanto no corpo que habito. Miro o mundo, profundo de tudo”

Corpo no Mundo começou como Elektron Beat. Matheus Reinert é meu parceiro musical desde que tocou na The Shorts, banda que formei em 2014 e que trouxe meu trabalho enquanto musicista para um nível profissional. Matheus, que também mixou boa parte do álbum, me apresentou essa música e falou que acharia massa eu fazer uma collab. Tinha aquela coisinha de Radiohead do Amnesiac com um quê de Massive Attack e eu na hora me identifiquei. O tempo passou, eu ouvi e reouvi ela diversas vezes, testei várias melodias e letras, abandonei ela por um tempo – e na construção final dos caminhos que o álbum percorreria, me ocorreu que essa música poderia ser a ponte perfeita que faltava para que ele colasse perfeitamente. Perguntei pro Matheus se poderia utilizá-la, ele topou, e eu comecei a refazer a letra. Aconteceu que dois dias antes de gravar a versão final, eu tive uma visão que essa música deveria ter o nome do álbum. E mudei a letra toda. Reescrevi um dia antes de gravar, e trouxe pra ela a vibe fio condutor de jogos de palavras que percorrem todas as músicas do álbum – que se conectam mesmo nas particularidades de cada um..Ao ouvi-la finalizada, finalmente senti que o álbum estava completo, e fez bastante sentido chamá-la de Corpo no Mundo, a conexão das experiências individuais e sociais, o corpo que age no mundo e o corpo que habito, entre amores, dores e entendimentos plurais da nossa existência.

Composição: Matheus Reinert
Letra e Melodia: Natasha Durski
Produção Musical: Matheus Reinert
Voz: Natasha Durski
Synths, Drum machine, Tape Loop: Matheus Reinert
Mix: Matheus Reinert
Master: Stéfanos Pinkuss

5. Tonight
“I’ve worried a thousand times, tonight nothing will harm”

Escrevi Tonight primeiramente como um exercício de composição. Estávamos na pandemia e eu já vinha começando a dar os primeiros passos da FERALKAT. Passava boa partes dos dias solitários em casa em frente ao sintetizador ou com a guitarra nas mãos num quarto iluminado por uma luz colorida de cromoterapia que ficava mudando de cor.
Decidi que iria driblar minha obsessão perfeccionista que às vezes me impede de finalizar as coisas e propus ao meu parceiro musical de longa data, Daniel Kaplan, um exercício de compor, produzir, gravar e mixar/masterizar uma música em 20 dias.
Quando cansava de tocar, ia pra sala dançar. Dançar e ouvir música o tempo todo foi a maneira que eu encontrei pra me livrar das preocupações do futuro e a nostalgia do passado. Dessas experiências solitárias de busca de momentos de sanidade em meio ao caos, veio a letra de Tonight. Ela fala sobre aqueles dias em que, por mais que as dores existam e você esteja passando por coisas difíceis, nada vai conseguir te abalar, porque, pelo menos naquela noite, naquele momento, tudo está bem e enquanto você dança, o momento presente é a única coisa que importa.
Deixando as coisas fluírem, cumprimos o objetivo e exercício proposto por mim, e Tonight estava ali, despretensiosamente, o primeiro registro musical da FERALKAT – registro esse que sem a audácia de me forçar a fazer diferente, talvez nunca tivesse realmente tirado a FERALKAT de dentro daquele quarto em que as luzes oscilavam entre o âmbar, o azul, o roxo, o verde e o vermelho.

Composição, Produção Musical, Letra: Natasha Durski
Voz: Natasha Durski
Synths: Natasha Durski e Daniel Kaplan
Beat: Daniel Kaplan
Mix/Master: Andreza Michel

6. Vanish Like The Sunset
“I wanna travel through different suns, and I’ll remember I’m not the only one”

Vanish Like The Sunset surgiu depois que assisti o filme “Burning”, de Lee Chang Dong. Uma cena em específico mexeu completamente comigo e eu não parei de pensar naquilo durante alguns dias. Na cena em questão, a personagem descreve uma experiência que teve ao olhar o pôr do sol num horizonte de areia infinito. Enquanto ela via o céu mudar de cor e o sol ir sumindo, ela sentiu como se tivesse alcançado o fim do mundo, querendo desaparecer como aquele pôr do sol. Já que morrer era assustador, ela queria simplesmente desaparecer como se nunca tivesse existido.
Esse trecho me fez refletir sobre todas as vezes que eu me senti perdida e envolta por dores que me faziam pensar que morrer seria melhor que viver – mas, no fundo, eu não queria morrer – só queria que aquela dor não existisse, só queria desaparecer por um tempo, até me restabelecer, só queria simplesmente não me sentir assim. Peguei meu caderno de composições e abri o bloco de notas que costumo anotar frases esparsas e comecei a escrever e cantarolar a melodia da música, colocando pra fora tudo o que eu sentia quando essa vontade de morrer me invadia e que às vezes parecia que ninguém podia entender. Mas podiam. Era por isso que me conectei com a personagem. É por isso que choramos em filmes ou ao ler livros. O que nos faz essencialmente humanos nos conecta e eu precisava escrever sobre isso pra realmente entender tudo que eu sentia, e que provavelmente alguém também já sentiu, pois acredito que falar sobre as nossas dores nos ajudam a curá-las – sobretudo num mundo que nos sufoca de diversas formas na pressa capitalista e na ausência do entendimento das questões de saúde mental, comumente colocadas debaixo do tapete numa sociedade que não enxerga a fragilidade e a vulnerabilidade como características que nos tornam o que somos. Falar sobre vulnerabilidade e assumí-la, pra mim, é um ato de coragem absurdo.
Trouxe pro instrumental o aspecto soturno que falar dessa dor evocava, optando por um synth grave e um beat minimalista pra guiar a música até o encontro com a fala da própria personagem em samples sobrepostos e confusos e as camadas de ressonâncias agudas que preenchem a música.

Composição, Produção Musical, Letra: Natasha Durski
Voz, Synths, Sample: Natasha Durski
Beat: Natasha Durski e Daniel Kaplan
Mix: Luiz Sadaiti e Matheus Reinert
Master: Stéfanos Pinkuss

7. Colapso Tropicaos
“Fugaz demais, um sopro no escuro, e o feito é um sussurro que dentro me explode”

Comecei a compor Colapso Tropicaos em um momento de turbulência interna e externa. Estávamos na pandemia, vivendo um governo negacionista e genocida, e eu, por dentro, destroçada. Coloquei na letra as dores e frustrações que nos invadem quando tentamos lutar por mudanças em um mundo em colapso, mas que mesmo assim não nos impedem de continuar lutando pelo que acreditamos. A inspiração da música vem do sentimento que tive ao ver amigos serem presos durante a época em que participava do movimento estudantil, de que, não importa o quanto a gente lute, existe um sistema todo articulado para nos calar. Junta-se a isso as questões políticas enfrentadas pelo país nos últimos anos, e um momento histórico em que experimentamos uma ascensão mundial da extrema direita. Nesse sentido, a música também faz uma crítica aos governos neoliberais que colaboram para a destruição generalizada do planeta.
Escrever Colapso Tropicaos foi uma maneira de, como diz a letra, soltar esse grito que explodia silenciosamente dentro de mim há vários anos, de alguém que desde muito cedo se viu preocupada com as questões sociais, ambientais e políticas, e em dado momento se afastou da luta como ativista política pra tentar mudar as coisas através da música. Essa música, portanto, é uma conexão dessa Natasha ativista com a Natasha que vê a música também como um caminho de transformação.
No instrumental, desde o começo senti que deveria ser uma música que caminhasse por diferentes temas que se entrecruzriam até a explosão final. A construção dos arranjos entre os synths e as guitarras cheias de delay e reverb – entre tônicas, terças menores e intervalos de segundas menores e terças maiores, vieram pra criar tensão até o ponto final, em que, no auge da massa sonora, o arpejo dedilhado dá um alívio sonoro que volta à tensão dos acordes do refrão instrumental e das sirenes sintéticas que anunciam o colapso. Soma-se a isso as diversas camadas de sintetizadores ressonantes que evocam essa atmosfera caótica junto dos graves num trajeto sensorial que mistura ambiências, ruídos e vozes étereas. É uma das poucas músicas do disco com bateria orgânica, numa tentativa de atrelar também conceitualmente o tecnológico e o sintético – em um mundo que caminha cada vez mais para o virtual – com a organicidade e naturalidade do inerentemente humano.

Composição, Produção Musical, Letra: Natasha Durski
Voz, Guitarra, Synths: Natasha Durski
Baixo: Daniel Kaplan
Bateria: Babi Age
Mix: Luiz Sadaiti e Matheus Reinert
Master: Stéfanos Pinkuss

Engenharia de som das músicas do álbum: Fellipe Dantas, Natasha Durski, Felipe Sad, Matheus Reinert, Elencar Marcelino

 

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Written by: Lucas Nóbrega

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