NEWSLETTER
De estagiário do McDonalds à CEO de Techfin
TODO EMPREENDEDOR PODE TER A CABEÇA NAS NUVENS,
MAS É PRECISO TER OS PÉS NO CHÃO
De estagiário do Mcdonalds até a compra da participação da Mitsubishi, assumindo gestão da Accesstage, executivo conta trajetória inspiradora
Um DNA bem disseminado e uma cultura forte que mantém as equipes engajadas no propósito da empresa é o que impulsiona o crescimento exponencial da Accesstage (www.accesstage.com.br). Especializada em pagamentos B2B e gestão financeira, a Accesstage nasceu em 2001 como subsidiária da gigante Mitsubishi Corporation. A companhia que hoje conta com uma base de mais 120 mil empresas conectadas e é majoritária de um grupo de cinco organizações, totalizando em mais de 400 colaboradores, é fruto da determinação, experiência e veia empreendedora do paulista Celso Sato; um programador que viu no boom da internet brasileira no início dos anos 2000 oportunidade para oferecer ao mercado soluções que, na época, nem mesmo o próprio mercado sabia que precisaria, como os meios de pagamento eletrônicos.
Nascido em uma pequena cidade no interior de São Paulo, chamada Guaraçaí, o empreendedor teve uma infância simples, mas rica em cuidados e dedicação de seus pais: um sapateiro e uma dona de casa, ambos filhos de imigrantes japoneses. Com poucos recursos financeiros, Sato sempre estudou em escolas públicas e sabia que não poderia contar com apoio financeiro familiar para custear uma universidade particular.
Ao longo de toda sua infância e adolescência ouvia dos pais que era preciso estudar para ter uma vida melhor e que somente o estudo poderia proporcionar isso a ele.
Ao concluir o ensino médio, na época chamado de segundo grau, procurou formas de continuar estudando. Se desdobrando para isso e com muita vontade de impulsionar o futuro do filho, seu pai disse que poderia ajudar com um ano de cursinho, mas nada além disso. Sabendo que era uma oportunidade única, Sato agarrou com “unhas e dentes”. O objetivo era se preparar e concorrer a uma vaga em uma faculdade pública. Para realizar o cursinho e reduzir gastos que não teria como custear, veio morar na casa de uma tia, na zona leste de São Paulo. Como muitos paulistanos que atravessam a cidade todos os dias, ele saía de casa às 5h da manhã, enfrentava duas horas de transporte público e só voltava a noite, cansado, mas nunca com vontade de desistir.
Todo o esforço valeu a pena. No fim do cursinho prestou vestibular em três universidades públicas e para o orgulho dos pais foi aprovado nas três. Passou em Engenharia, na Unesp, em Ilha Solteira e em Ciências da Computação, na Fatec, em São Paulo, mas optou por estudar Ciências da Computação, na USP, em São Carlos.
Nos tempos de faculdade (ingressou na turma de 1987 e formou-se em 1990), morou em uma república onde dividia espaço com outros nove estudantes. Nessa época, longe dos olhos e cuidados diários da mãe dona de casa, aprendeu a lavar, passar e a cozinhar. “Fiz uma graduação no curso da vida”, brinca.
Mesmo quando ainda era só um estudante, sempre mostrou sua veia empreendedora e espírito de liderança. Participou ativamente como monitor dentro da própria universidade e foi diretor do Centro Acadêmico Armando Salles de Oliveira, órgão responsável por representar todos os alunos de graduação da USP, em São Carlos.
Ao concluir a graduação era chegada a hora de ir para o mercado de trabalho. Conquistou um cargo de estagiário no departamento de TI do Mc Donalds. Mas se engana quem pensa que ele passava o dia arrumando ou programando computadores. “Fritei hamburguer, atendia os clientes e até limpava os banheiros”, comenta Sato que afirma ter sido muito importante essa experiência em sua vida.
Dois anos depois ingressou no Banco de Boston e foi aí que surgiu seu interesse pelo setor financeiro. Mas sete anos depois assumiu uma posição na área comercial da Tech Interchange, empresa que desenvolvia soluções de tecnologia para o setor financeiro.
Toda essa sua experiência só fortalecia, ainda mais, a veia empreendedora. E como todo bom empreendedor enfrentou altos e baixos, acertos e erros. Sua primeira tentativa foi a inauguração de uma locadora de vídeos. Na época era um negócio próspero, as pessoas saiam de seus serviços nas sextas-feiras e sempre levavam várias fitas cassetes para ver com a família. Mas algumas gigantes deste nicho estavam chegando no Brasil e isso era um obstáculo para quem era pequeno e estava só começando. O investimento na locadora custou um Gol bolinha. Na época o seu único patrimônio.
Mas quem é empreendedor de forma genuína como ele sabe que riscos fazem parte do caminho e que não passar por eles significa não chegar aonde deseja. Ele não parou por aí. Em 2001 investiu na Maxlog, uma startup na área de logística. “Esta experiência foi importantíssima demais para o meu crescimento, pois me ensinou muito. Vivemos toda a jornada do início ao fim, quando literalmente falimos e tivemos que encerrar a operação depois de um ano e meio”, conta.
O que ele não sabia é que este era só o começo da jornada da Accesstage. Ao tentar negociar a venda da Maxlog para a Mitsubishi conheceu os sócios e os projetos para a criação de uma nova empresa.
Era uma decisão difícil. Naquela época ele estava com duas opções. Assumir uma posição de diretor na Vale, a qual havia sido convidado, ou assumir o risco de entrar em uma empresa nova, que, apesar de ter o apoio e a participação da Mitsubishi, ainda estaria começando suas atividades, sem nenhuma garantia. Para apimentar ainda mais a decisão, o momento de vida exigia uma certa estabilidade. Recém-casado, Sato estava com a esposa grávida do primeiro filho.
O que fazer? A resposta não estava na ponta da língua, mas a vontade de empreender e ter sucesso sim. Foi assim que, em 24 de setembro de 2001, aos 32 anos de idade, Celso Sato ingressou na Accesstage assumindo o cargo de diretor comercial.
Na época com apenas cinco funcionários, todos vindos da união entre as empresas japonesas Intec e Mitsubishi. “A primeira ideia era fazer da Accesstage uma empresa de logística, mas o mercado não favoreceu na época. Logo partimos para um plano paralelo no setor financeiro, minha paixão. Deu certo e a Accesstage se tornou pioneira ao atuar no setor de meios eletrônicos de pagamentos e intercâmbio de dados financeiros (EDI) no Brasil”, lembra o executivo.
Três anos depois a Accesstage começou a ganhar corpo e a Intec resolveu se retirar da parceria. Neste momento chegava a hora de mais uma decisão difícil: assumir ou não essa parte. “Tinha a oportunidade de comprar a parte da Intec e me tornar sócio da Mitsubishi em uma companhia que tinha ajudado a criar e que sabia ser promissora. Mas para isso teria de vender todo o patrimônio que havia conquistado até então e ainda recorrer a um financiamento em banco”, conta.
E assim foi feito. Sato e Fernando Takano – que também já fazia parte do time da Mitsubishi e depois da Accesstage, levantaram capital necessário para a aquisição. Venderam apartamentos e os carros, além de recorrerem a um empréstimo bancário que demorou três anos para ser quitado. Neste período, Sato ficou a pé, foi morar de aluguel com a esposa e filhos e o transporte oficial para o escritório na região da Paulista era o metrô.
Sato e Takano investiram toda a energia no negócio que estava crescendo a passos largos. A parceria com a Mitsubishi continuava forte e com isso a Accesstage ia ganhando corpo e cada vez mais espaço no mercado, conquistando grandes clientes em todo o País. Mas, como sempre, todo empreendedor enfrenta momentos inesperados. E foi assim que em 2007, para a surpresa geral, a Mitsubishi anunciou que também iria se retirar da operação e venderiam a parte deles no mercado.
Após algumas conversas entre os sócios, Sato e Fernando, ficou decidido que o Sato iria até Tóquio para tentar convencer os diretores japoneses a manterem a parceria. Ao chegar lá ficou claro que a decisão era global e já estava tomada, com nenhuma possibilidade de reversão. Mas na volta ao Brasil trouxe uma proposta em sua mala, a de comprar também a parte da Mitsubishi. Apesar do susto inicial, lá foram eles (Takano também) recorrer a financiamentos. “Desta vez, o apartamento reconquistado não precisou ser sacrificado (sorri) e nós já sabíamos o quanto poderíamos crescer com a Accesstage”, diz.
A compra foi feita de maneira amistosa e negociada em cinco anos. A Accesstage se tornou uma empresa 100% nacional e apresenta desde então crescimento e estabilidade. A saída oficial da Mitsubishi na parceria ocorreu em 2013. Sato substituiu o nipônico Hiroshi Nimura em 2008 com o desafio de, já no primeiro ano de sua gestão, fazer a companhia saltar de um faturamento de R$ 30 milhões para R$ 38 milhões.
E desde então, a empresa não para de crescer. Em 2018 investiu em startups que foram trazidas para ampliar o portfólio de produtos e serviços oferecidos ao mercado. “Hoje, quando investimos em startups e fintechs, além de buscarmos novos negócios promissores e que agreguem ao nosso negócio, queremos também passar experiência para esse pessoal novo que começa no mercado. Como empreendedor eu já passei por muito, aprendi muito, tenho bagagem e quero compartilhar. Nossa política é de respeito ao empreendedor e prevê que sempre deixemos uma participação relevante para ele. O que queremos é um parceiro”, afirma.
Fazem parte do Grupo Accesstage as empresas: Negocie Online, fintech com uma plataforma inovadora de autosserviço digital que permite migrar o cliente para o canal digital de forma orquestrada, trazendo uma redução de até 40% nas interações humanas. A Movats Business, que oferece a solução de BPO (Business Process Outsourcing) para processos financeiros. A IN10, uma empresa com expertise em análise de dados e business intelligence, que fornece, além de tecnologia, a inteligência na consolidação e apresentação dos dados de forma ágil para a tomada de decisão para as empresas. E, além dessas, a Kaspper Innovation, uma fábrica de softwares sob medida.
Hoje a Accesstage, que faturou mais de R$ 70 milhões em 2022, conta com mais de 200 colaboradores. Quando falamos em grupo este número chega a 400. São mais de 100 bancos e financeiras como parceiros; mais de 270 mil arquivos trafegados diariamente em nossas soluções e plataforma e mais de R$ 1,2 bi antecipados no último ano em risco sacado.
E não para por aí. A empresa está sempre inovando e se preparando para se antecipar às tendências de mercado.
A lição compartilhada é que o sucesso não vem de graça. Sato explica que todo empreendedor precisa arriscar e muitas vezes ter sangue frio. “Em muitos momentos você estará sozinho, ninguém vai apoiar. Podem dizer que é loucura. Mas todo bom empreendedor persiste, tenta, cria estratégias e traça rotas que podem levá-lo ao sucesso. Você pode ter a cabeça nas nuvens, pois é preciso sonhar. Mas não pode tirar os pés do chão”, conclui.
Fique por dentro das novidades com a #TrendsCHK.
Siga a gente nas redes sociais @trendschk.
NEWSLETTER