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Bete Coelho é “Petra”, nova montagem de “As Lágrimas Amargas de Petra von Kant”

“Petra” reafirma o poder das mulheres, do amor e do teatro.

Nova montagem do clássico de Fassbinder “As Lágrimas Amargas de Petra von Kant”

estreia 13 de julho, no Teatro Cacilda Becker.

Bete Coelho, Luiza Curvo, Lindsay Castro Lima, Clarissa Kiste, Renata Melo, Miranda Diamant Frias e Laís Lacôrte formam o elenco poderoso de Petra, com cenários de Daniela Thomas e Felipe Tassara e direção de Bete Coelho e Gabriel Fernandes. (créditos: Luiza Ananias / Cia.BR116 – Teatrofilme)

Cia.BR116 – Teatrofilme apresenta, a partir do sábado, 13 de julho, no Teatro Cacilda Becker, em São Paulo, em curtíssima temporada, o espetáculo Petra, nova montagem do clássico de Rainer Werner Fassbinder As Lágrimas Amargas de Petra von Kant. Estrelado pelas atrizes Bete CoelhoLuiza CurvoLindsay Castro LimaClarissa KisteRenata Melo, Miranda Diamant Frias e Laís Lacôrte, com direção de Bete Coelho e Gabriel Fernandes e cenografia de Daniela Thomas e Felipe Tassara, este espetáculo é uma reafirmação de três poderes universais: o feminino, o amor e a arte teatral.

Essas três imensas forças estão evidentes na performance do elenco exclusivamente feminino, que dá vida a Petra e suas assistente, amiga, amante, mãe e filha. Mulheres de personalidades fortes que, mesmo tão diferentes entre si, compartilham a busca incessante pelo amor e a cruel incompetência em lidar com este sentimento, invariavelmente não correspondido ou desvirtuado pelas implacáveis relações de poder. Cada uma com idades, aspirações, níveis culturais ou condições sociais diferentes, mas com algo em comum: a necessidade de aceitar e ser aceita pela outra, até mesmo se para isto for preciso sacrificar o amor próprio.

Com tradução direta do original em alemão feita por Marcos Renaux, uma trama fortemente emocional que se sustenta em diálogos tensos e muito bem construídos, em que, para muito além do amor, é a paixão, o desejo e a insatisfação que norteiam o comportamento das personagens, de certa forma refletindo a contínua busca pela tal felicidade comum a qualquer ser humano. “Mesmo mais de cinco décadas após sua estreia, um texto lapidado para o teatro, que ultrapassa as marcas setentistas do ótimo filme e continua muito atual. As louváveis intenções feministas e provocações políticas do autor à época continuam relevantes nos dias de hoje, mas é o desconforto decorrente das relações humanas e suas frustrações que funciona como principal ponto de identificação com o espectador”, reflete Bete Coelho.

“Como poucos em sua época, Fassbinder soube tão bem usar o teatro e o cinema para provocar o espectador abusando da carga emocional, com interpretações precisas e ambientes enxutos, frios até. Temas ousados apresentados com altas doses de tensão emocional e, ao mesmo tempo, um distanciamento que deixa evidente a intenção de posicionar o público como observador e crítico do comportamento humano, como sugeria Brecht”, afirma Gabriel Fernandes.

Este clima é naturalmente percebido na cenografia de Daniela Thomas e Felipe Tassara, que favorece a performance das atrizes ao criar um ambiente limpo, intimista, que tem uma cama móvel como peça central, e ao dar maior amplitude a gestos, deslocamentos e expressões, por meio de espelhos em ângulo que reforçam as características narcisistas das personagens. Tudo ganhando ainda mais relevo com a iluminação concebida por Beto Bruel. O figurino criado por Renata Corrêa foi construído a partir das ideias de transparência (revelando a nudez da alma, o despir da dignidade) e desconstrução (assimétricos, inacabados e sobrepostos loucamente, acompanhando o delírio de Petra). Em contraposição à fluidez da seda, casacos pesados remetem a uma Berlim moderna e fria.

Em três momentos de transição entreatos, o público ouvirá marcantes canções de filmes de Fassbinder interpretadas ao vivo pela cantora Laís Lacôrte e o piano de Fábio Sá⁠Lili Marleen (por Hanna Schygulla, no filme Lili Marlene), ⁠⁠Memories are Made of This (por Rosel Zech, no filme O Desespero de Veronika Voss) e ⁠⁠Capri Fischer (por Barbara Sukowa, no filme Lola).

O autor e cineasta Rainer Werner Fassbinder (1945-1982) foi um dos principais representantes do chamado cinema novo alemão. Estudou teatro em Munique, quando conheceu Hanna Schygulla, sua atriz preferida, que imortalizou a personagem Karin no filme As Lágrimas Amargas de Petra von Kant (1972). Foi cocriador do antiteatro, iniciativa que contribuiu para definir seu estilo preciso, metafórico, político e inovador, quase sempre criticando a burguesia e a nova Alemanha do pós-guerra. Dirigiu 42 filmes (o último foi Querelle, em 1982) e escreveu muitas peças de teatro, entre as quais, As Lágrimas Amargas de Petra von Kant, obra que consagrou Fernanda Montenegro no início dos anos 80, ao lado de Renata Sorrah, Rosita Tomás Lopes, Juliana Carneiro da Cunha, Joyce de Oliveira e Paula Magalhães, sob a direção de Celso Nunes.

Sinopse

Petra von Kant é uma estilista de alta costura esmagada por sua paixão não correspondida. Por meio das intrincadas relações de poder entre mulheres, esta nova montagem do clássico de Rainer Werner Fassbinder “As Lágrimas Amargas de Petra von Kant” reafirma três forças universais: o feminino, o amor e a arte teatral. Seis mulheres de personalidades fortes que compartilham da incessante busca pelo amor e da desesperada necessidade de aceitar e ser aceita pela outra, mesmo que para isto seja preciso sacrificar o amor próprio.

Cia.BR116

Fundada em 2009 com a montagem do espetáculo O Homem da Tarja Preta, de Contardo Calligaris, a Companhia de Teatro BR116 tem como fundamentos a força da coletividade, o amor ao teatro e uma curadoria dramatúrgica eclética e que reflita a tragicidade humana. Seu histórico inclui espetáculos como O Terceiro Sinal, de Otavio Frias Filho, com temporada histórica no Teatro Oficina, em 2018, recebendo a indicação ao Prêmio Shell de melhor atriz para Bete Coelho, e Mãe Coragem, de Bertolt Brecht, vencedor do Prêmio Shell 2019 de melhor direção para Daniela Thomas. Nos últimos anos, a companhia tem encontrado na junção do teatro ao cinema uma nova trilha para seus trabalhos, como os teatrofilmes Medeia por Consuelo de Castro (indicado ao Prêmio APTR 2021 de melhor filme e melhor direção, com prêmio de melhor atriz para Bete Coelho) e Gaivota (vencedor do Prêmio APTR de melhor figurino), a peça Molly — Bloom, com direção de Daniela Thomas e Bete Coelho e codireção de Gabriel Fernandes, e, mais recentemente, a tragicomédia Ana Lívia, estrelada por Bete Coelho e Georgette Fadel / Iara Jamra, com direção de Daniela Thomas e texto de Caetano Galindo. Neste ano, abriu ao público seu processo de criação com o texto Romeu e Julieta, de William Shakespeare, em casas de cultura e teatros da periferia de São Paulo.

Elenco

Bete Coelho (Petra) – Formada em teatro, música, canto lírico, ópera, violino, dança clássica e moderna. Atuou em espetáculos com direção de Carmen Paternostro, no grupo Pagu Teatro Dança, e no Centro de Pesquisa Teatral – CPT, dirigido por Antunes Filho, em remontagens como “Macunaíma” e “Romeu e Julieta”. Em 1986, atuou em “Carmem Com Filtro”, direção de Gerald Thomas, junto à Cia. Estável de Repertório – CER, de Antonio Fagundes. Com “Eletra Com Creta”, formou uma parceria artística com Gerald Thomas e Daniela Thomas, com quem fundou a Cia. de Ópera Seca. Fora do grupo, atuou em “Rancor”, de Otavio Frias Filho, direção de Jayme Compri; “Pentesiléias”, adaptação de Daniela Thomas para a obra de Kleist; “Os Reis do Iê-Iê-Iê”, de Gerald Thomas; “Cacilda!”, de José Celso Martinez Corrêa. Em 1999, dirigiu Iara Jamra em “O Caderno Rosa de Lori Lamby”, de Hilda Hilst, e atuou em “Pai”, de Cristina Mutarelli, direção de Paulo Autran. Atuou em duas produções de Bob Wilson: “A Dama do Mar” e “Garrincha”. Em 2002, atuou em “Frankensteins”, direção de Jô Soares. Em 2009, fundou a Cia.BR116, tendo realizado os espetáculos “Homem da Tarja Preta“, “O Terceiro Sinal“, “Cartas de Amor para Stalin“, “Antígona“, “A Melancolia de Pandora“, “Mãe Coragem“, “Molly — Bloom“, “Ana Lívia“ e os filmes “Medeia por Consuelo de Castro” e “Gaivota“.

Luiza Curvo (Karin, a amante) – Começou a trabalhar aos oito anos de idade na Rede Globo e posteriormente na TV Record, participando, entre as duas emissoras, de 15 novelas e cinco séries. No cinema, trabalhou nos longas “Ouro Negro” e “Bellini e o Demônio”. No teatro, integra a Cia.BR116, tendo feito parte do elenco de “O Terceiro Sinal”, “Mãe Coragem”, “Medeia por Consuelo de Castro”, “Gaivota” e “Ensaio Romeu + Julieta”. Formada em cinema pela Estácio de Sá, cursou direção teatral na UFRJ, estudou construção dramática na EICTV, em Cuba, e é pós-graduada em cenografia e figurino pela Belas Artes.

Lindsay Castro Lima (Marlene, a assistente) – Atriz e produtora cultural, é integrante da Cia.BR116 – Teatrofilme desde 2020. Fora da companhia, atuou nos espetáculos “Compêndio de Gavetas, Bactérias, Ursos e Corações”, direção de Elisa Band; “Cabaré do Frederico”, direção do Fernando Sampaio; “O Crime da Quinta Avenida”, direção de Fernando Neves; e “O Pedido de Casamento”, direção de Neyde Veneziano. Atuou no curta “A Garota da Capa”, direção de Giba Freitas, exibido no Festival Internacional de Cinema Super8 de Curitiba e 4º Super Off – Festival Internacional de Cinema Super 8; e no videoclipe da música “Sótão, Porão”, do cantor Andrei Furlan.

Clarissa Kiste (Sidonie, a amiga) – Atriz brasileira, formada na Universidade de São Paulo, tem 28 anos de carreira no teatro e já se debruçou e interpretou personagens de Shakespeare, Moliére, Nelson Rodrigues, Haruki Murakami, Caio Fernando Abreu, Martin Page, Lolita Pille, Steven Berkoff. Trabalhou com renomados artistas como Hector Babenco, Monique Gardenberg e Marília Gabriela. No cinema, esteve presente nos Festivais de Cannes, Cuba, Sundance e mais recentemente na competição do Festival de Berlin (2020) com o filme “Todos os Mortos”, de Marco Dutra e Caetano Gotardo. Fez diversas séries para TV a cabo e streamings e interpretou a personagem Natalia na novela Amor de Mãe. Mora em São Paulo com sua filha Eva.

Renata Melo (Valerie, a mãe) – É bailarina, coreógrafa, atriz e diretora, fundadora do Grupo de Dança Marzipan, para o qual dançou e coreografou em dez espetáculos. Bolsista da Rockefeller Foundation no American Dance Festival, criou e atuou em “Slices of Life”, “Receba as Flores”, “Bonita Lampião”, “Domésticas” e “Passatempo”. Co-roteirizou e atuou no filme “Domésticas”, de Fernando Meirelles, e estrelou o monólogo “A Caixa”, de Patrícia Melo, dirigido por Bete Coelho. Dirigiu “Simpatia”, com Xuxa Lopes e Leandra Leal. Recebeu os prêmios APCA, Mambembe, Shell e Molière, e foi júri do Prêmio Shell de Teatro de 2013 a 2018.

Miranda Diamant Frias (Gabriele, a filha) – Nascida em 2010, é uma jovem talentosa que faz aulas de dança desde os quatro anos e também se dedica ao desenho. Esta é sua primeira experiência profissional no teatro.

Laís Lacôrte (cantora) – Atriz, cantora e compositora. Bacharela em Interpretação Teatral, com formação técnica no Teatro Universitário, ambos pela UFMG. Mineira, natural de Belo Horizonte, integrou o elenco de diversos espetáculos musicais e no aclamado “Musical Elza”, vencedor de premiações como APCA, SHELL, Reverência, Cesgranrio e Bibi Ferreira, como uma das sete atrizes que interpretaram Elza Soares. Em 2020, participou do 13º Festival da Canção Aliança Francesa, interpretando a música “Carmen”, de Stromae, com a qual se tornou a vencedora nacional do festival. Em 2022, integrou o elenco de “Língua Brasileira”, espetáculo musical com direção de Felipe Hirsch e músicas originalmente compostas por Tom Zé.

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Written by: Lucas Nóbrega

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