Kélida Marques: Como a psicanálise ganhou a internet

25/04/2022

Kélida Marques é psicanalista e espiritualista, detentora de um dos principais canais de espiritualidade do YouTube e conta como a internet virou uma realidade para o seu trabalho

Psicanalistas ganham status de influencers na internet falando sobre os mais variados temas como ciúmes, angústia e família. No final de Janeiro, quando ocorreu a febre da corrente “5 curiosidades sobre mim” que tomou conta do Instagram, o perfil New Memeseum publicou um vídeo falando sobre o quanto essa “modinha” era narcisista, de certa forma uma fantasia. E com o passar do tempo, mais memes, uma avalanche deles abordando a ética do individualismo e como a psicanálise entra nisso.

Kélida credita o sucesso da psicanálise na internet ao desejo das pessoas de tentarem “sair da angústia”, e acrescenta que a pandemia “trouxe novas formas de sofrer” e, impedida de extravasar seja no bar, na academia ou na ioga, muita gente procurou um divã nas novas mídias.

“A psicanálise fala do que move as pessoas: amor, ódio, afetos, pulsões de vida e de morte, sexualidade, identificação. E é nesse quesito que entra a vontade de fazer parte de algo, de uma comunidade, com isso surgem as correntes nas redes sociais. E isso faz com que discussões e questões que só eram abordados em um divã ou em uma consulta espiritual, fossem trazidas para outros ambientes.”, comenta a espiritualista e psicanalista que conta com mais de 60 mil seguidores no Instagram e quase 1M de inscritos no YouTube.

“Eu faço parte de um movimento que quer tirar a psicanálise de sua torre de marfim e colocá-la para discutir política, arte e problemas sociais, fazer com que esses assuntos possam ser discutidos em outros locais que não seja apenas no divã. Poder juntar minhas experiências no segmento da espiritualidade também com a psicanálise, mostrar que existem problemas que podem ser resultados com a junção desses dois. Freud falou sobre tudo isso em seu tempo e por isso, penso que devemos costurar a psicanálise com o contemporâneo sem perder o rigor técnico.”, conclui Kélida Marques.