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Implante subcutâneo de gestrinona: saiba tudo do método
Tema em alta nos últimos tempos, o “chip da beleza”, nome o qual o implante subcutâneo de gestrinona ficou conhecido recentemente, tem ganhado cada vez mais audiência e adeptos, principalmente por conta do compartilhamento por parte de influenciadores de resultados ótimos em relação à perda de peso. Porém, é preciso se atentar de quem nem tudo é o que parece ser e isso está causando muita preocupação entre os médicos, entre eles, o Dr. Guilherme Packer, especialista em equilíbrio hormonal e emagrecimento, com mais de cinco anos de experiência, e que, devido às várias controvérsias em torno do implante, explica melhor sobre o assunto e ressalta os pontos positivos e negativos do tratamento, que requer máximo de atenção por parte dos prescritores e dos pacientes. Confira, a seguir, nesse guia completo:
Implantes subcutâneos – o que são, afinal?
“De forma direta, os implantes subcutâneos são dispositivos médicos implantados sob a pele com o objetivo de liberar lentamente medicamentos, hormônios ou outros compostos bioativos no organismo. Eles são uma forma eficaz de administração de medicamentos que podem tratar uma ampla variedade de condições médicas”, explica Dr. Guilherme. De acordo com o médico, eles são produzidos de materiais biocompatíveis, que são colocados sob a pele por meio de um pequeno procedimento minimamente invasivo. “Eles são projetados para liberar lentamente o medicamento ou hormônio, ao longo de um período de tempo pré-determinado, que pode variar de algumas semanas a vários meses, dependendo da dosagem e da frequência de administração”, completa.
E a gestrinona, o que é e onde atua?
A gestrinona, por sua vez, é uma droga sintética, derivada da 19-nortestosterona, um composto derivado da testosterona, cuja principal diferença estrutural é a remoção do átomo de carbono na posição 19 da molécula da testosterona, o que resulta na criação desse novo composto, que possui ações anabólicas mais expressivas e menos androgênicas que a testosterona. “Ela surgiu na área médica com várias indicações, incluindo como contraceptivo, coadjuvante na terapia de reposição hormonal, controle dos sintomas da TPM e no tratamento de certas condições ginecológicas, como endometriose e miomas uterinos”, ressalta Packer.
Por sua ação antiestrogênica em receptores uterinos, a gestrinona leva a mulher à amenorreia, ou seja, à interrupção da menstruação, por evitar a proliferação do endométrio. “Dessa forma, melhora sintomas causados por miomas, endometriose e atua na redução da progressão dessas patologias. Já o seu efeito antiprogestagênico no endométrio age bloqueando a ação da progesterona, o que pode levar a alterações na espessura do revestimento uterino, sendo uma boa opção medicamentosa em terapias de reposição da menopausa, podendo, assim, ser usada nas mulheres mais velhas” comenta.
Por que o nome “chip da beleza”?
De acordo com o médico, a gestrinona em forma de implantes subcutâneos foi erroneamente difundida como chip da beleza, por causa de seus supostos benefícios estéticos. A ação desse hormônio no corpo pode contribuir, principalmente por conta de seu efeito anabólico, na melhora na performance física, manutenção da massa muscular, melhora da libido – pelo aumento da testosterona livre pela supressão do SHBG, redução da fadiga, aumento da força de vontade e disposição, melhora da sensação de bem-estar, redução dos sintomas relacionados níveis reduzidos de hormônios androgênicos. A gestrinona com a ação antiestrogênica também acaba contribuindo com a melhora estética da celulite.
Os benefícios dos implantes subcutâneos
De acordo com Packer, eles oferecem várias vantagens em relação a outras formas de administração de medicamentos, como injeções ou comprimidos. Entre elas, estão: maior eficácia do tratamento, pois, uma vez que o medicamento é liberado diretamente na corrente sanguínea, sua concentração no sangue permanece constante, o que garante uma eficácia mais alta do que outros métodos; menos efeitos colaterais, já que a liberação lenta e controlada do medicamento minimiza os efeitos colaterais que podem ocorrer quando se utiliza outras formas de administração, como injeções ou comprimidos; e maior comodidade para o paciente, uma vez que, com um implante subcutâneo, o paciente não precisa se preocupar em tomar comprimidos todos os dias ou em fazer injeções frequentes, o que pode melhorar sua qualidade de vida.
O que levar em consideração para saber se a gestrinona poderá fazer bem ao paciente?
– Histórico Médico – É fundamental avaliar o histórico médico da paciente, incluindo doenças pré-existentes, uso de medicamentos, cirurgias prévias, alergias e condições de saúde gerais. “Primeiramente devemos contraindicar em mulheres com hiperandrogenismo, resistência insulínica, obesidade, cardiopatas, histórico de doenças trombogênicas prévias entre outras doenças e condições, uma vez que poderá trazer riscos consideráveis a essas pacientes. Mulheres que procuram uma ação de contracepção não devem também ter como indicação a gestrinona, já que a substância não é reconhecida pela FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) como anticoncepcional, devendo a paciente sempre associar com outro método, principalmente ao DIU (hormonal ou não hormonal)”, comenta.
– Idade – A gestrinona é indicada para mulheres, preferencialmente, na idade fértil. No entanto, em mulheres no período do climatério ou já na menopausa, ela pode ser indicada. “Como explicado anteriormente, ela leva a uma proteção do endométrio na reposição do estradiol”, ressalta. O médico também pondera que ela não é indicada para menores de 18 anos.
– Objetivos de tratamento – De acordo com o especialista, é importante avaliar quais são os objetivos do tratamento por parte da paciente, como regulação do ciclo menstrual, melhora da disforia da TPM, tratamento de distúrbios hormonais ou tratamento de endometriose ou miomas. “Só assim o médico saberá se o tratamento é ou não indicado”, pondera.
– Contraindicações – A gestrinona é contraindicada para pacientes com histórico de câncer de mama, doenças hepáticas graves, distúrbios tromboembólicos, sangramento vaginal anormal sem diagnóstico estabelecido, gravidez, suspeita de gravidez e para mulheres com intenção de engravidar a curto prazo.
“No entanto, o que não canso de dizer aos meus pacientes é que não existe uma fórmula mágica. Nenhum procedimento ou medicamento substitui bons hábitos de vida. Por isso, nunca busque terapias hormonais sem ter indicação absoluta ou discutir com seu médico sobre outras terapias disponíveis”, ressalta o médico. “O uso de gestrinona pode apresentar outros riscos e efeitos colaterais, como sangramento vaginal anormal, alterações no humor e aumento do risco de trombose. Por isso, é fundamental que o uso seja avaliado de forma individualizada e prescrito apenas por médicos especialistas”, finaliza.
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