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Riscos do dermaplaning para a pele

A técnica de “raspar a pele” ou “dermaplaning” está em alta na internet, mas esconde riscos de lesão, manchas e até de contaminações da pele, principalmente se forem feitas de maneira amadora em casa

Como toda grande moda da internet, principalmente no que diz respeito aos tratamentos de beleza, o dermaplaning surgiu como uma técnica inofensiva de “raspar a pele”. Nas clínicas, é feito com bisturi, mas o mercado já apresenta versões de lâminas menos afiadas para que o processo seja feito em casa de maneira amadora. Porém, o procedimento não é assim tão simples quanto parece. “A pele é nossa primeira camada de proteção e, ao ser descamada de maneira íntegra, aumentamos as chances de lesões, manchas e de contaminações”, explica a biomédica pós-graduada em Saúde Estética, Ana Clara Brathwaite.

A especialista esclarece que o procedimento que ganhou a internet pelas imagens de “antes e depois”, retira o estrato córneo da pele, ou seja, a primeira camada que é composta por células que já estão para morrer e vão se desprender naturalmente da pele. Alguns tratamentos aceleram esse desprendimento e essas células são removidas de maneira abrupta, deixando a pele exposta.

Se o profissional não tiver um bom domínio da técnica e controle da mão, pode aprofundar a lâmina e transformar o peeling superficial em um peeling profundo, causando uma lesão muito maior. Segundo Ana Clara, mesmo em procedimentos ablativos (como laser CO2 fracionado ou o microagulhamento) não é indicado retirar todo o estrato córneo de uma vez porque isso aumenta as chances de contaminação e podem gerar uma cicatrização ruim, como cicatrizes hipertróficas ou até com queloide, dependendo do histórico do paciente.

“Mesmo nos peelings químicos, por exemplo, a descamação da pele é controlada e não é feita por inteiro de uma vez. Assim, mantemos regiões íntegras da pele junto com regiões lesionadas, o que confere maior proteção ao organismo. O grande problema é que a técnica está sendo amplamente utilizada, inclusive em casa, sem nenhum treinamento, o que agrava muito os riscos de lesões”, explica a biomédica.

Outro fator que a especialista considera crítico, é que a técnica não tem embasamento científico suficiente. “Quando buscamos esse nome em base de dados científicos, como o PUBMED, que é o maior banco de dados de artigos científicos do mundo, aparecem sete artigos científicos apenas. Isso é muito pouco e alguns deles nem falam diretamente do procedimento, então considero uma técnica precária de embasamento científico, arriscada e perigosa. É obvio que tem o resultado clínico, mas se não tivermos estudos na área não temos como dizer que aquela técnica é segura ou eficaz”, alerta Ana Clara.

Cuidados com o sol

Além de todos os riscos já mencionados, a chegada do verão exige cuidado redobrado por quem passou por qualquer procedimento estético que lesiona a pele. “Ao retirar o estrato córneo da pele, retiramos o queratinócito, a primeira célula de proteção. Por meio de mediação química, ele manda uma mensagem avisando que a pele está desprotegida e quem responde como célula de defesa é o melanócito, que produz melanina. Como proteção contra a radiação ultravioleta, nossa pele pigmenta, e pigmenta mais e mancha mais porque ele reage de maneira mais agressiva para nos proteger. Isso causa o melasma, aquelas manchas marrons que não têm cura”, finaliza.

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Written by: Ana Leichiringue

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