NEWSLETTER
Conheça mulheres que inspiram na odontologia
As mulheres são maioria entre profissionais de odontologia no Brasil. Mas, não foi sempre assim. Veja a trajetória feminina e dicas de especialistas para a carreira.
Durante anos, mulheres tiveram que lutar para ingressar em universidades e no mercado de trabalho, assim como pelo direito aos diplomas que as habilitam a exercer profissões para, então, buscar a igualdade social e a independência. Para a odontologia alguns nomes foram revolucionários.
No cenário mundial, a doutora Lucy B. Hobbs Taylor, que, recusada em faculdades nos EUA, estudou de forma particular com dentistas até abrir seu próprio consultório. Só mais tarde teve seu diploma de graduação e doutorado em odontologia. Uma curiosidade é que Lucy nasceu em 14 de março, no mês da mulher.
No Brasil, alguns nomes notáveis são: Leonor Henriqueta Álvares dos Santos e Isabella Von Sydow, duas primeiras mulheres no país graduadas em odontologia, respectivamente em 1878, em Salvador – Bahia, e no Rio de Janeiro, em 1899. Antonia D’Ávila, também foi pioneira, ao obter seu diploma nos Estados Unidos.
Com o passar do tempo, o Conselho Federal de Odontologia (CFO) admitiu cada vez mais mulheres. Hoje elas são a maioria na profissão, conquista que aconteceu gradativamente. Em 1960, aproximadamente 90% dos dentistas eram homens. Já em 2008, o sexo masculino representava uma parcela de 56,3% dos dentistas. Em 2018, o jogo virou e as mulheres se tornaram 69,6% dos profissionais desde então.
Para falar sobre a atuação das mulheres na área, nada melhor do que especialistas experientes que podem ser inspiração para muitas outras. Com este intuito entrevistamos três especialistas para falar sobre o assunto:
Maria Fernanda Kolbe, de São Paulo, graduada em 2003 em odontologia, especializada em periodontia e mestre e doutoranda em clínicas odontológicas com ênfase em Periodontia, sócia na SORR Clínica e como SDA Trainer da EMS (Electro Medical System).
Manuela Netto, do Rio de Janeiro, cirurgiã dentista pós graduada em periodontia, mestre em ciência de materiais pelo Instituto Militar de Engenharia (IME-RJ) e SDA Trainer da EMS (Electro Medical System).
Luciana Sargologos, CEO na LS Dental Life Clínica Odontológica, mentora e treinadora na Dentsply Sirona, além de Líder de Opinião na EMS (Electro Medical System), graduada em odontologia com especialização em odontologia do Sono.
Confira a entrevista com as profissionais:
Qual foi a sua inspiração para escolher a carreira na odontologia?
Manuela Netto: Minha dentista de infância e mãe de uma colega de escola, a Dra Lívia Martini Pereira. Me lembro de gostar de ir ao consultório dela porque havia brinquedos na sala de espera. No final da consulta eu podia escolher brindes, caso me comportasse. Lembrei dessa referência ao não passar no vestibular em Direito. Sem saber o que fazer, em uma conversa, recordei do dia da profissão na escola em que dizia que seria dentista, me vestindo de branco. Hoje agradeço por não ter passado em Direito e vejo o quanto que a experiência agradável que a minha Odontopediatra me ofereceu quando criança me inspirou a seguir a profissão.
Maria Fernanda Kolbe: Estava entre medicina e odontologia porque tinha certeza que queria “cuidar de gente”. Então fui positivamente influenciada pela minha dentista, a Dra. Rose Georgevich e sua família, que foi minha maior inspiração.
Luciana Sargologos: Sou a primeira pessoa da área médica em minha família. Desde bem pequena já se notava o meu dom no “cuidar” até nas brincadeiras, também já havia a preocupação com a saúde de amigos e familiares.
Você percebe a odontologia como uma profissão majoritariamente feminina?
Manuela Netto: No passado a profissão era dominada pelos homens. Um levantamento feito em 2010 por professores da USP em parceria com o Ministério da Saúde e da Educação mostra essa mudança a partir das décadas de 80 e 90. O aumento das mulheres no mercado de trabalho no geral contribuiu para esse fato. A personalidade feminina é mais empática, exibindo maior capacidade de reconhecer os sentimentos do outro e agir de forma apropriada àquele estado de espírito, em comparação aos homens, mais racionais. Sendo portanto outro fator contribuinte, dado que a Odontologia é uma profissão que exige conexão humana.
Maria Fernanda Kolbe: Quando me formei (em 2003), já existiam mais mulheres do que homens na sala e a cada ano que passa essa proporção vem crescendo. Acredito que é uma profissão que atrai mulheres por muitos motivos, como flexibilidade de agenda, que é uma coisa que todos queremos, mas, principalmente, as mulheres, que pensam em às vezes trabalhar meio período. Adicionalmente, existe o fato de estar ligado à estética e harmonização orofacial. Outro aspecto é que as mulheres estão preenchendo cada vez mais vagas no mercado de trabalho em todas as áreas, não apenas na odontologia.
Luciana Sargologos: Desde os primórdios há uma maioria masculina e, apesar de termos mais e mais mulheres, a odontologia continua representada pelos homens. É evidente nos congressos, quando comparamos o número de palestrantes masculinos. Na minha especialidade de tecnologia em odontologia, sou minoria entre meus colegas homens.
Você tem alguma dica ou encorajamento para mulheres que pensam em seguir a profissão?
Manuela Netto: Mantenha sempre em mente o porquê você escolheu essa profissão e busque conhecer quem você é. Quando os desafios vierem, são esses pilares que te manterão firme no caminho do seu propósito.
Maria Fernanda Kolbe: Minha dica para as mulheres que almejam ser dentistas é: se joguem. A carreira é linda e engloba muitas possibilidades, mexe com a saúde e autoestima das pessoas. Podemos transformar a vida dos pacientes, o que é muito mágico, e a carreira permite uma agenda mais flexível. É preciso cuidar de gente e amar estar com gente. Se você gosta, será uma excelente profissional. Quero falar para as mulheres, principalmente as que estão ingressando, que o nosso lugar é onde quisermos, desde que façamos com respeito, carinho e preocupação com o outro. Amar o que fazemos, é o que nos faz grandes profissionais.
Luciana Sargologos: A odontologia é uma profissão maravilhosa para nós mulheres pela flexibilidade de horário que temos como profissionais liberais nos dando total condição de conciliar nosso tempo com o cuidado com a família.
Você atende mais homens ou mulheres em seu consultório? Na sua opinião, as mulheres são mais cuidadosas com a saúde bucal?
Manuela Netto: Mulheres são mais preocupadas com a aparência e saúde do que os homens, mas existem exceções. Isso faz delas mais disciplinadas nos cuidados como passar fio dental, usar raspador de língua, usar escovas interproximais, além da regularidade maior nas consultas periódicas de revisão. Porém, tenho visto nos últimos anos homens comprometidos com a saúde bucal, aplicando os cuidados indicados e comparecendo com frequência nas consultas de manutenção preventiva. Para mim, isso mostra que nós, profissionais, devemos estimular a conscientização dos pacientes, independentemente de gênero, pois somente através do conhecimento e da informação podemos escolher mudar. A grande virada de chave é conhecer o paciente e encontrar estratégias que funcionem para ele, sendo homem ou mulher.
Maria Fernanda Kolbe: Antes atendia mais mulheres, até porque eram elas que agendavam consultas para seus maridos e filhos. Ultimamente, houve uma tendência de os homens se cuidarem e se comprometerem com a sua saúde e estética. Mulheres eram mais preocupadas com a estética, saúde e mais disciplinadas. Atualmente, eu não vejo diferença, acredito que as mulheres estejam mais ocupadas, com mais tarefas, são profissionais, filhas, amigas, mães e esposas. São muitos papéis e os homens têm tomado mais consciência da importância do seu cuidado. Pelo menos no meu consultório e no meu dia a dia, tenho visto uma questão mais igualitária neste sentido.
Luciana Sargologos: No meu consultório é bem equilibrado e acho que isso se deve a minha atuação como especialista na Odontologia do Sono, cuidando do ronco e apnéia onde os homens são mais prevalentes. As mulheres são mais cuidadosas e preocupadas com a saúde bucal, vão ao consultório com mais frequência e estão sempre mais antenadas nas novidades de técnicas, cremes dentais e enxaguatórios. Entre as inovações, destaco o protocolo GBT (Guided Biofilm Therapy), da EMS, que tem como principal objetivo oferecer um tratamento suave e eficaz. Com foco na eficiência dos resultados e no conforto dos pacientes, remove o biofilme dental de forma confortável, prevenindo diversas doenças e identificando o local exato em que a limpeza precisa acontecer.
Por fim, podemos concluir que a odontologia é uma profissão aberta às mulheres, mas ainda existem lacunas a serem preenchidas. Hoje, existem muitas profissionais que podemos olhar como referências, tanto referências do passado, que batalharam pelo ingresso das mulheres no mercado, como profissionais dos dias de hoje, como as doutoras Luciana Sargologos, Manuela Netto e Maria Fernanda Kolbe, que podem servir de inspiração para muitas outras dentistas no futuro.
Fique por dentro das novidades com a #TrendsCHK.
Siga a gente nas redes sociais @trendschk.
NEWSLETTER