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Modelo sofre linchamento virtual e perde trabalhos

Modelo sofre linchamento virtual e perde trabalhos

Aos 27 anos, a modelo Sara de Cássia Cunha, natural de Belo Horizonte (MG), é uma das novas apostas no mundo da moda. Com experiência internacional, Sara ganhou destaque no Brasil após a última edição da São Paulo Fashion Week (SPFW), em novembro de 2022. Na época, foi chamada de “nova Gisele Bündchen”.

Sara, que é formada em Direito, estudou e morou alguns anos na Europa, onde ganhou visibilidade como modelo. Na pandemia, voltou para o Brasil para investir na sua carreira. Mas o que seria o início de um sonho em sua terra natal acabou se tornando um pesadelo da vida real.

Sara passou a sofrer ataques nas redes sociais após outras modelos brasileiras espalharem fake news e incitarem o ódio contra ela. Os ataques virtuais, com marcações e comentários ofensivos, passaram a atingir o perfil pessoal de Sara no Instagram, atualmente com cerca de 724 mil seguidores.

“Logo após o SPFW, comecei a sofrer linchamento virtual dessas duas meninas, que não me conhecem e sequer me deram chance de defesa sobre as acusações. Essa rede de difamação comandada por elas chegou a reunir cerca de 40 pessoas, que me expuseram de forma covarde e mentirosa. Foram dez dias de massacre na internet”, conta Sara.

Perda de contratos e saúde abalada

Os ataques sofridos por Sara ultrapassaram o meio virtual. A modelo perdeu trabalhos com grandes marcas de roupas femininas e capas de revista. No cenário internacional, Sara também estava deslanchando.

“Era um período de fechamento de contratos. Um deles envolvia uma iniciativa no Metaverso. O meu avatar seria o primeiro feito em Hollywood, junto com a Candice Swanepoel, a Alessandra Ambrósio, Isabeli Fontana e Izabel Goulart. Eu seria a única nesse projeto que não foi uma angel da Victoria’s Secret”, conta a modelo.

Sara ainda precisou se afastar de projetos sociais. O último deles foi um desfile que seria realizado na favela de Paraisópolis, em São Paulo. A modelo já estava conhecendo a comunidade local, interagindo com os organizadores do projeto e com o presidente da CUFA, Celso Athayde. Em dezembro de 2022, Sara havia participado de outra ação solidária, o “Natal dos Sonhos”, focado na arrecadação de brinquedos para crianças em situação de vulnerabilidade social.

Sara Cunha também começou a sofrer com depressão, ansiedade e dificuldade para dormir, o que a fez procurar ajuda de um médico psiquiatra.

“A cada dia eu via meu nome e minha imagem sendo transformados em uma história diferente, que não era a realidade. Elas envolveram até minha família, dizendo que meu pai era mafioso e eu tinha sofrido abuso sexual. Foram mentiras sobre assuntos muito sérios”, relata Sara.

Nos primeiros dias de ataques, Sara nem tinha forças para reagir. Ela ficou quatro dias recolhida. “Sofri violência psicológica e perdi muitos trabalhos. Agora preciso me reerguer e reconstruir minha carreira e minha vida pessoal”, diz.

O médico psiquiatra da modelo, Dr. Antonio José Eça (CRM 24.536), afirma que Sara chegou ao consultório totalmente abalada, com sinais de depressão e ansiedade. O quadro clínico da modelo apresentava potencial de agravamento em curto espaço de tempo.

“Sara apresentava quadro caracterizado por graves crises de ansiedade, não se alimentava adequadamente, tinha dores de estômago, sendo que se forçava a se alimentar, já que perdeu alguns quilos desde que tal quadro se iniciou; além disso, estava sofrendo com episódios de insônia, não dormia direito, com sono sobressaltado, acordando assustada e com palpitação, com a sensação de que ‘o coração vai sair pela boca’”, relata o médico.

Trecho do laudo médico de Sara:

“….Por vezes, tem “pânico” de sair na rua, e de que esteja sendo observada; nessas ocasiões, fica trêmula, com sudorese aumentada, principalmente nas mãos, e suas pernas chegam a ‘bambear’, precisando se escorar em algum lugar, já tendo necessitado solicitar auxílio de terceiros para se manter em pé.

Tal quadro tem seu início relacionado à ocorrência de agressões que tem recebido por via de redes sociais; mostra-se indignada e chora ao descrever as calúnias que está sofrendo; mostra-se mais indignada com o fato de que de tais agressões estão partindo

de pessoas que não conhece e que têm espalhado via redes sociais que faria programas para conseguir posições e que isso está atrapalhando o andamento de sua vida profissional, além do forte abalo sofrido em seu psicológico…”
Antonio Jose Eça CRM 24.536

Medidas judiciais: em busca de justiça!

Além de ajuda médica, Sara Cunha procurou apoio jurídico. No final do ano de 2022, ela foi orientada a entrar com um pedido de instauração de inquérito policial na Divisão de Crimes Cibernéticos de São Paulo.

Os advogados Daniel Bialski, Bruno Borragine, Anna Julia Menezes e Anna Carolina Carillo, que representam a modelo, alegaram a prática do delito de perseguição, tipificado no artigo 147-A do Código Penal: ‘Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade.’.

Os ataques virtuais também caracterizavam a prática do crime de difamação, previsto no artigo 139 do Código Penal.
“E isso se diz tendo em vista que as acusadas e os demais membros da rede de acusações compartilharam o conteúdo, deliberadamente e imbuídos da mais vil intenção, e dirigiram ofensas à Sara em suas redes sociais”, conta a advogada Anna Julia Menezes.

A investigação policial resultou em um pedido cautelar junto a uma das Varas Criminais de São Paulo/SP. No dia 23 de dezembro de 2022, o juiz Rafael Henrique Janela acatou o pedido de exclusão dos perfis, além da proibição das acusadas de realizar quaisquer publicações e/ou comentários que façam menção à vítima, direta ou indiretamente, por qualquer meio, devendo ser excluídas aquelas já realizadas, sob pena de agravamento das medidas cautelares.

“Ficou claro e demonstrado detalhadamente que os investigados incorreram na prática dos delitos de perseguição (artigo 147-A, CP), difamação e injúria (artigos 139 e 140, CP)”, complementa a advogada Anna Julia.

Agora, Sara Cunha busca reparação por danos morais e materiais na Justiça Cível. Ela quer doar a provável indenização para causas sociais, como programas de saúde beneficiando os indígenas Yanomami e instituições ligadas à saúde mental.

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Written by: Lucas Nóbrega

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