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Recentemente Will Smith agrediu o comediante Chris Rock na premiação do Oscar, mas em seguida se arrepende do ocorrido e pede desculpas. Nem sempre temos o controle de nossas reações instintivas, mas para isso se tem uma explicação. A regulação das emoções representa uma habilidade fundamental para a interação social, influenciando o comportamento e a expressão emocional.
Uma explicação técnica de como funciona a nossa reação instintiva em determinadas situações, se dá ao fato de que a cognição social é o processo que orienta condutas frente a outros indivíduos. Várias estruturas cerebrais têm um papel chave para controlar as condutas sociais: o córtex pré-frontal ventromedial, a amígdala, o córtex somatosensorial direito e a ínsula. O córtex pré-frontal ventromedial está comprometido com o raciocínio social e com a tomada de decisões; a amígdala com o julgamento social de faces; o córtex somatosensorial direito, com a empatia e com a simulação; enquanto que a insula, com a resposta autonômica. Estes achados estão de acordo com a hipótese do marcador somático, um mecanismo específico por meio do qual adquirimos, representamos ou memorizamos os valores de nossas ações. Estas estruturas cerebrais atuam como mediadores entre as representações perceptuais dos estímulos sensoriais e a recuperação do conhecimento que o estímulo pode ativar.
A especialista em desenvolvimento comportamental Madalena Feliciano, explica que como nossas reações são instintivas e automáticas é um desafio evitá-las, mas existem algumas maneiras de lidar com elas.
Uma vez que tomamos conhecimento do que estamos sentindo, podemos usar métodos de distração: uma estratégia já conhecida, que se caracteriza no ato de se concentrar e contar até dez, lembrar o nome dos sete anões, lembrar do número do seu telefone de trás para frente, desta forma desviamos o foco da situação e reduzimos a intensidade emocional. “Essa técnica é mais fácil de se realizar em situações intensas, mas tem efeito de curta duração e nem sempre acaba sendo possível de ser feita ou tão eficaz”, relata Madalena.
Outra forma é não demonstrar a raiva, tristeza ou o que for que estiver sentindo no momento da reação instintiva: “essa técnica serve para reduzir a expressão das emoções, enganar o cérebro e também diminuir o sentimento – o problema é que pode ser bem desafiador de se segurar em determinadas ocasiões. No meio do caminho entre ter a emoção e expressá-la, existe uma etapa de avaliação da situação: depois que uma estrutura bem primitiva do nosso cérebro, chamada amígdala, identifica um estímulo qualquer, ela analisa seu conteúdo e prepara o corpo para reagir. Embora em grande parte isso se dê de forma inconsciente, a amígdala também manda informações para o córtex pré-frontal, região do cérebro responsável por tarefas mais sofisticadas como autocontrole.” explica Madalena Feliciano. Tomamos então consciência do que estamos sentindo, e abre-se uma janela para fazermos uma reavaliação cognitiva do contexto. Essa é a forma mais estudada de controle emocional e uma das que apresenta melhor relação custo x benefício.
Uma meta-análise de quarenta e oito estudos de neuroimagem sobre a reavaliação cognitiva comprovou que quando as pessoas identificam a situação que lhes gerou uma emoção negativa e tornam-se conscientes dos pensamentos que estão alimentando essas emoções, podem ser capazes de ativamente gerar pensamentos alternativos, reinterpretando a situação com outro ponto de vista, menos carregado. O estudo mostra que quando fazemos isso, regiões do córtex (pré-frontal e também temporal) atuam ativamente sobre as amígdalas cerebrais, modulando sua resposta, reduzindo a raiva, por exemplo. O melhor é que essa estratégia vale para qualquer emoção. Se estamos muito tristes com algo, se nos percebemos exageradamente ansiosos etc., podemos parar para pensar qual é a situação que estamos enfrentando, e após identificar quais os pensamentos que têm girado em nossa mente, forçar-nos a reavaliar a situação, com pensamentos alternativos.
“Não é fácil controlar nossas emoções instintivas na grande maioria das situações e para todos os problemas emocionais. Muitas vezes estamos sofrendo com acúmulo de estresse, ansiedade, noites mal dormidas, e diversas outras situações que causam um certo tipo de desequilíbrio emocional, mas garanto que vale a pena se esforçar, e se necessário, procure ajuda especializada para te auxiliar a identificar e amenizar emoções negativas, que vão te ajudar a desenvolver mais controle, diminuir emoções e comportamentos destrutivos.” finaliza Madalena Feliciano.
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