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Diário 366
O ECEU – Espaço Cultural e de Extensão Universitária (FMRP), recebe a mostra Diário 366 do artista Bruno Novaes, a partir do dia 15 de setembro com entrada gratuita até o dia 01 de novembro. Na mostra, são exibidas as páginas do diário desenvolvido por Bruno durante todo o ano bissexto de 2016, os diversos objetos enviados pelo público que participou deste projeto e o livro lançado em 2021, disponível para manipulação. Dessa forma, a exposição propõe o encontro entre o coletivo e o processo individual de artista, no qual a documentação de sua história se mistura com a de pessoas voluntárias participantes.
Diário 366, já circulou pelo Centro Cultural dos Correios de São Paulo (2021), pelo Museu de Arte contemporânea de Campinas (2022) e pelo Salão de Exposições do Paço Municipal de Santo André (2023), neste último, com produção da Brecha Cultural e apoio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativa do Estado de São Paulo por meio do ProAC Editais de 2022.
Com o intuito de tornar a exposição ainda mais acessível, ao entrar, o público terá acesso por QR Code ao audioguia. Além disso, a exposição compõe a programação paralela ao 48° SARP – Salão de Arte de Ribeirão Preto Nacional-Contemporâneo (MARP) em exposição no MARP, de 04/08 a 21/10/2023.
SOBRE O PROJETO
O projeto teve início com registros diários feitos por Bruno no ano bissexto de 2016, usando diferentes linguagens, como texto, desenho, colagem e fotografia. Em seguida, os participantes escolheram datas e receberam as páginas correspondentes do caderno, digitalizadas em forma de cartão postal.
As pessoas que participaram responderam com o envio de itens que dialogavam com os motivos da escolha por aquele dia, criando uma relação de troca de confidências com o artista. Todo esse processo foi documentado em um grande calendário em que Novaes fez o controle das devolutivas por meio de aquarelas dos itens recebidos.
Entre as motivações para as participações, as escolhas das datas misturaram aspectos individuais e íntimos com acontecimentos culturais e coletivos, resultando em um arquivo que coloca objetos ordinários, trabalhos de arte, documentos pessoais e lembranças afetivas em um mesmo plano. Assim, criou-se um diário que, além de servir como instrumento para o conhecimento de si, se tornou uma narrativa coletiva das memórias, afetos e histórias de vida de mais de trezentas pessoas.
Longas cartas contando sobre experiências pessoais, fotografias, documentos e outros objetos estão entre os itens recebidos, que muitas vezes chegaram sem explicações. Entre eles uma certidão de óbito, que levanta perguntas sobre como aconteceu tal perda. Em outro caso, foram enviados pares de ingresso de cinema e uma camiseta com cheiro de guardado, sugerindo um fim de relacionamento. Também chegaram ao artista documentos e coisas de família que aproximam histórias e personagens desconhecidos. De modo geral, os itens que chegaram acabam por exigir o uso da imaginação para que se tente deduzir ou mesmo ampliar seus significados, o que confere ao livro em exibição nesta exposição um caráter simultâneo de documentação e narrativa de ficção.
Com uma produção que passa por questões como identidade, memória e afeto, para Novaes, é importante jogar luz sobre histórias que muitas vezes passam despercebidas, levantando dúvidas sobre o poder dos arquivos tradicionais, que perpetuam a produção de conhecimento. Seu trabalho nos convida a refletir sobre quais outras narrativas deixam de ser documentadas, questionando o que mais pode ter ficado de fora dos livros e de outros meios de comunicação.
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