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Oportunidades econômicas e sociais na cadeia do plástico
Promover a economia circular na cadeia do plástico é um desafio que tem conquistado cada vez mais aliados e tem ampliado, não só os enormes ganhos ambientais que a destinação correta dos resíduos traz, como também a possibilidade de novos negócios e impacto econômico e social significativo para quem atua no setor. A Associação International Solid Waste (ISWA) estima que 20% das emissões globais podem ser resolvidas com a gestão correta do lixo. Além disso, essa prática contribui para 6 das 17 metas de desenvolvimento sustentável estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU).
O uso de plásticos provenientes de reciclagem pós-consumo reduz a necessidade do uso de energia em 88% e o de água 53%, de acordo com o estudo Life Cycle Impacts for Postconsumer Recycled Resins da Association of Plastic Recyclers (2018). Também diminui o impacto no aquecimento global, pois emite 71% menos CO2, segundo inventário de carbono realizada pela WayCarbon de 2022 na Wise Plásticos e comparado com os dados da APR (American Plastic Recycling). O plástico, principalmente usado em embalagens, é uma solução econômica, flexível, fácil de transportar, eficiente em relação ao peso e design – e se for reciclado, se torna ainda melhor, porque passa a ser também ecoeficiente.
Estes e outros dados foram trazidos pela Wise Plásticos durante a Sustainable Week, realizada pela BASF. A empresa de reciclagem, que opera desde 2007 com capacidade de processamento de 35 mil toneladas de resíduos plásticos por ano, reforçou no encontro a importância de resolver questões essenciais nessa cadeia, em especial a destinação inadequada – que direciona para o meio ambiente, oceanos e aos lixões os materiais que poderiam voltar para a economia. Atualmente o Brasil consome 7,7 milhões de toneladas ao ano sendo que menos de 15% desse volume está sendo reciclado.
Além de evitar o desperdício de material, essa cadeia de valor traz um potencial enorme de desenvolvimento social, com a valorização profissional dos catadores e cooperados que atuam na seleção de resíduos recicláveis. A Wise reforçou que monitorar as atividades, garantir que os trabalhadores realmente tenham os ganhos pelo trabalho realizado com renda adequada deve ser outro compromisso das empresas que estão engajadas em prol da economia circular.
A oportunidade de promover esse impacto positivo foi destacada no mesmo evento pela empresa de gestão de resíduos Yougreen, mostrando que é possível fazer uma revolução em relação à geração de trabalho nessa primeira etapa produtiva. Hoje é uma atividade com baixa fiscalização, baixa produtividade, alto nível de informalidade, com rendimentos que não cobrem os custos de processamento.
O investimento nesse início de cadeia, com a melhor gestão e melhorias na operação dos catadores e cooperativas tem importância social, econômica e também vai garantir uma cadeia de suprimento confiável, vencendo outro grande gargalo que é a captação de materiais. Pela experiência da Yougreen, é possível garantir uma taxa de aproveitamento de mais de 90% dos materiais coletados com essa gestão profissionalizada.
Pela perspectiva da Yougreen, temos uma oportunidade enorme de mercado potencial de recuperar os 90% de matérias-primas que hoje são encaminhadas aos aterros sanitários. Outro desafio nas cooperativas é fazer a seleção, a separação correta dos tipos de plásticos, porque os materiais dependem de processos e aditivos diferentes para que sejam reciclados com qualidade. Para se ter uma ideia, na cooperativa Viva Bem, que fornece materiais para a Braskem, são processadas 400 a 500 toneladas de material ao mês e cerca de 35 toneladas são descartadas porque não tiveram seu material identificado.
Nesse sentido, a tecnologia se torna uma grande aliada. Durante o evento de sustentabilidade, a equipe responsável pelo B-Cycle concretizou a parceria com a Cooperativa por meio da entrega de um equipamento trinamiX, um dispositivo portátil de espectroscopia de infravermelho que identifica com precisão composição dos plásticos para reciclagem para a seleção correta dos materiais. A tecnologia deve ser uma vantagem competitiva para a cooperativa por promover aumento nos ganhos com o volume maior de recicláveis sendo aproveitado, vai substituir técnicas insalubres para fazer a classificação, além de trazer ganhos ambientais com o menor rejeito.
Estas e outras experiências que foram trazidas durante a Sustainable Week estão disponíveis na plataforma onono+, distribuídas em seis dias de programação. Com a colaboração, sinergia entre as ações, o olhar cuidadoso para cada etapa da cadeia, além do apoio de políticas públicas, será possível transformar a economia linear para a economia circular com todos os impactos positivos que ela pode trazer.
*Jade Rodriguero Dino é engenheira química e responsável pelo marketing de Aditivos para plásticos da BASF América do Sul
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