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Prêmio Shell de melhor ator pode ir para um negro

Prêmio Shell de melhor ator pode ir para um negro

Créditos: Clayton Nascimento / Acervo pessoal 

Quando Maria do Carmo, uma manicure da periferia de São Paulo, ouviu de uma cliente que o teatro seria um caminho para tirar o filho das ruas, ela não pensou duas vezes. Pediu bolsa para o menino na Casa do Teatro, tradicional escola paulista, dirigida por Lígia Cortez. A partir dali o destino daquele menino preto, periférico e de família nordestina ganhava novos contornos.  

O esforço para superar desafios   

Clayton Nascimento vem de família piauiense e cresceu no Jabaquara, na Zona Sul de São Paulo. A mãe manicure e o pai comerciante não conseguiam pagar os estudos do filho, mas o apreço pelo aprendizado e o talento do jovem artista, garantiram as bolsas de estudo que o ajudaram na sua formação.  

O trabalho incessante o levou ao curso de mestrado na concorrida Escola de Comunicação e Artes da USP – a Universidade de São Paulo. “O resultado de todo esse esforço é que 20 anos depois, acabei me tornando professor na mesma Escola Célia Helena, onde havia pedido bolsa quando criança para estudar”, enfatiza o ator.  

A inspiração no dormitório da USP  

E foi nos quartos do CRUSP que ele começou a alinhavar a dramaturgia do espetáculo “Macacos” que já rendeu um livro, que é sucesso de vendas, publicado pela prestigiada editora Cobogó.  

No teatro vem arrebatando plateias nas cidades por onde passa.  “A peça ‘Macacos’ fala sobre a estruturação do racismo no Brasil a partir do olhar de uma pessoa negra, e tenta contar, como esse “xingamento” se tornou um dos mais populares no país e fora dele”, comenta Clayton.  

Os prêmios como recompensa  

Superar obstáculos sempre foi um desafio e por isso cada conquista é tão comemorada. O espetáculo “Macacos” é um sucesso de crítica e de público, e já soma mais de 10 prêmios conquistados em festivais nacionais. 

Clayton Nascimento recebeu a indicação de Melhor Dramaturgo e ganhou o prêmio de Melhor Ator de teatro do ano, ambos pela APCA – Associação Paulista dos Críticos de Arte. E a indicação agora para o aclamado prêmio Shell de teatro, uma das mais importantes premiações de teatro no país, é considerada por ele a cereja do bolo.  

Gratidão e responsabilidade 

Clayton é o único ator preto entre os seis finalistas indicados pelo júri do Prêmio Shell de São Paulo. “Me sinto íntegro e honesto comigo mesmo depois de seis anos de trabalho até a primeira temporada acontecer em São Paulo, no Centro Cultural, o CCSP”, afirma o ator.  

Clayton tem consciência da sua representatividade em relação a parcelas importantes, e quase sempre discriminadas, da população, mas fala de gratidão por ter chegado a esse momento da carreira. “Sinto que meus pais estariam orgulhosos se estivessem aqui. Valeu a pena tantos anos de estudos. Me sinto honrado de concorrer a um prêmio desse calibre, ao lado de nomes consagrados como Odilon Wagner, Zé Carlos Machado, Luiz Lobianco, Rodrigo Pandolfo e Paulo Marcello.” Comenta o ator sobre a indicação ao Prêmio Shell. 

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Written by: Lucas Nóbrega

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