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15/10 “O professor precisa retomar o seu protagonismo em sala de aula”

“O professor precisa retomar o seu protagonismo em sala de aula”

Volmar Souza começou na educação aos 20 anos de idade, ama a preparação, é um apaixonado pelo ensino e acredita que é essa paixão que move o professor. Hoje ele ocupa o cargo de Diretor Pedagógico do Colégio Marília Mattoso.

Mais um 15 de outubro se aproxima, essa data mexe comigo, me recordo dos meus tempos de escola, dos sonhos e de como tudo o que vivi em sala de aula me fez escolher a carreira de professor. Não foi, ainda não é, talvez nunca será fácil ser professor no Brasil. Porém, em 2022, vejo erros e desvalorizações que não podem mais perdurar. A inovação chegou, os alunos mudaram, mas precisamos nos movimentar para recuperar o nosso protagonismo.

Quando eu estava na escola, era muito legal saber todo conteúdo, fazer trabalhos em grupo, estar entre os primeiros da classe. Todo mundo gostava dos alunos que gostavam de estudar. E, em algum momento, esse cara estudioso virou o cara que não é mais valorizado, o papel se reverteu. O mais bagunceiro, menos interessado, virou o popular. Com isso, o estudo ficou perdido, virou estudo de véspera, o estudo do desespero. Eu acredito que não dá pra ser assim e busco consertar isso. Acredito que precisamos exercitar o desafio diário que é ensinar a aprender. Isso não significa que está tudo errado, apenas precisamos nos reajustar. Acredito no modelo de educar antigo, e sei que ele precisa ser adaptado com a inovação de 2022. O professor precisa conhecer seus alunos e saber o que vale ou não.

A educação daqui a alguns anos terá reflexo na sociedade. São essas crianças e jovens que estamos ensinando a ser seres humanos melhores. Porém, nós, professores, precisamos retomar o nosso lugar de fala, nosso protagonismo e explico o motivo.

As pessoas estão tentando inovar na educação, elas inovam em diversas frentes e não saem do mesmo estágio. Estamos passando por diversas transformações, inclusões de diversas tecnologias e isso não está mudando em nada o aluno brasileiro. Em contrapartida, têm outros países que as metodologias são menos tecnológicas e você tem mais resultados. Qual o pulo do gato para equalizar essa equação? O professor precisa ser visto como um pesquisador, ele precisa ter incentivo das instituições para desenvolver as melhores práticas para cada turma e para cada aluno. Com observação, calma e estudo ele encontrará qual o melhor método para a sua turma, para cada uma de suas turmas. O professor no Brasil é muito coordenado para fazer algo de uma instituição que normalmente é engessada, não damos autonomia ao professor para que ele possa ser um pesquisador de metodologias.

Cada professor dentro da sua sala pode entender como se desenvolver e como desenvolver os alunos. Cada professor dentro da sua turma, em cada aula, observando cada aluno, é assim que ele vai entender qual a melhor forma de desenvolver aquela turma. O material didático tem suas virtudes e seus problemas, por isso o professor é tão importante. E ele deve ser valorizado como tal, como peça fundamental do estudo e da metodologia. Porém, ele não pode ser um reprodutor do que a escola quer que ele faça. Ele precisa sentir a turma e produzir para aquela turma. Está mais do que na hora das escolas permitirem que o professor seja o mediador da metodologia. Não podemos jogar anos de experiência no ralo, temos que capacitar e exaltar as virtudes de cada profissional.

Desafios de 2022

Um dos grandes desafios é que o ensino deixe de ser chato. Sim, hoje ele é chato, repetitivo e não dá resultados. Eu sou professor de língua portuguesa, e te pergunto quantas vezes você já usou sintaxe na vida? Quantas vezes estudou diversos teoremas de matemáticas e fórmulas de química? A gente não consegue fazer o aluno aprender isso. Em contrapartida você aprendeu a ler e não esquecer mais. Ler faz sentido, significa alguma coisa para você. O que está faltando na educação significar e ressignificar a vida das pessoas. Ninguém lembra de como fazer ligações químicas porque a gente não conseguiu equalizar o significado que aquelas matérias têm na vida das pessoas. A gente não aprendeu a dar sentido a essas coisas no dia a dia. Estudar tem que fazer sentido. O ensino é chato porque a gente não consegue dar significado e as pessoas não levam esse ensino para suas vidas.

A teoria pura e engessada não vai ter graça e não vai atrair o olhar das pessoas, ela não levará sentido para nenhum aluno. A gente precisa praticar o que a gente ensina. O professor é um apaixonado, ele ama o conteúdo que ele leciona. Mas aí, o professor recebe a inovação sem poder dar o seu toque pessoal. Um professor de mais de 30 anos de profissão, quando ele recebe essa inovação sem ser consultado, você tira dele a capacidade criativa. Como mudar isso? A inovação precisa conquistar o professor. Ele precisa ser um construtor de ferramentas. Se ele pega a paixão que ele tem pelo conteúdo e consegue se apaixonar pela ferramenta, ele cria essa inovação, ele ganha os alunos e o mundo. O problema é que a inovação não é feita nem pensada pelo professor. Então, precisamos inserir os professores na construção dessas metodologias e inovações. Não podemos ignorar a experiência que o professor tem. O professor precisa indicar o caminho, ele já transitou esse caminho diversas vezes, temos que torna-lo mais atrativo. Quando convidamos o professor a participar da construção de aulas tecnológicas, o que a gente faz é entregar a tecnologia para ele.

O professor consegue entender que teoria e prática caminham lado a lado. A tecnologia está ali para ele usar, para ser a parceira dele. Precisamos trabalhar o professor, cuidar dele, valorizar, temos muitos professores abandonando as salas de aula. O professor é um apaixonado, mas ele perdeu o protagonismo. É preciso resgatar o maior potencial de um professor que é encantar e impactar vidas.

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Written by: Laís Dias

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